sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Educação


O momento histórico que estamos vivendo, denominado de "pós-modernidade", pode ser entendido como uma crise que está desencadeando uma mudança paradigmática em todos os níveis de compreensão do ser humano. O mundo moderno, de certeza e ordem, tem sido substituído por uma cultura de incertezas e indeterminação.

É hora de reflexão. Conhecer novos paradigmas, e perceber seus múltiplos reflexos nas formas de organização da sociedade humana, é o desafio que se nos apresenta, visto que os enormes problemas globais e inter-relacionais criados pelo paradigma positivista que tem norteado os últimos séculos, tem nos levado, ao lado do desenvolvimento tecnológico, a um afastamento essencial do ser humano, tornando-se difícil compreender a nova cultura que emerge do tempo e do espaço, e as transformações relacionadas com formas de conhecimento e experiência no mundo pós-moderno.

A respeito da juventude inserida na cultura pós-moderna, denota-se que a instabilidade e a transitoriedade difundidas de forma característica entre os jovens da faixa etária de 18 e 25 anos, estão inseparavelmente ligadas a um grande número de condições pós-modernas que têm provocado um mundo com pouca segurança psicológica, econômica e intelectual para os jovens, visto que o mundo moderno, de certeza e ordem, deu lugar a um planeta no qual o tempo e o espaço são condensados no chamado espaço rápido (speed space) onde os jovens, sem pertencerem a algum lugar concreto, vão vivendo progressivamente esferas culturais e sociais mutáveis, marcadas por uma pluralidade de linguagens e culturas. Nesse contexto, surge o "neo-individualismo" pós-moderno, no qual o sujeito vive sem projetos, sem ideais, a não ser cultuar sua auto-imagem e buscar satisfação aqui e agora, "admirando-se a si mesmo e amando-se perdido na multidão". Massificado pelas engrenagens sociais que o fazem consumidor, ouvinte, telespectador, cliente, paciente, aluno, eleitor e transeunte, o sistema lhe tira a "a subjetividade que o individua como pessoa (...). Por isso, o jovem de hoje quer dizer a todos que existe como sujeito, como indivíduo na massa social"

Alguns estudos têm procurado mostrar que a origem desses conflitos nas escolas decorre do fato de que, de um lado, os alunos reclamam que não são respeitados e que as escolas são muito autoritárias. De outro, os professores dizem que os alunos não têm limites e só vêem a escola como um local para encontrar os amigos. Em outras palavras, a pesquisa mostra que os jovens têm uma experiência escolar limitada, sentem que não pertencem àquele ambiente, e, por isso, a escola deixa de ser um local onde eles podem se expressar e ser o que são.

A indisciplina, que predomina no ambiente escolar, tem como causas "vários aspectos que vão da falta de dinamismo, até falta de educação, de respeito, de consciência de seus limites, por parte dos alunos", já que os jovens pós-modernos possuem uma mentalidade, uma cultura da indisciplina, do valor positivo da transgressão à ordem estabelecida. Para esses jovens, não há referenciais, não há por que segui-los. A vida é feita de fragmentos, de momentos de prazer, de satisfação imediata, de emoções fortes, de sensações chocantes, sem fronteiras e sem bandeiras, sem limites éticos ou morais.

Decorre desse quadro a falta de respeito para com o professor, expressa por manifestações, tais como: o riso cínico, a mentira fria, o vandalismo individual acobertado pelo grupo, o apoio tácito ou ostensivo aos que enfrentam e "peitam" o professor, retratando a mentalidade que se espalha entre os jovens de que o bem que vale é o seu próprio bem individual. Predomina, na juventude, o individualismo, a falta de referenciais, de objetivos, de limites, de fronteiras, o desprezo pelo senso comum, pela cultura histórica, e a ausência de ideal, indiferença e apatia.

É o neo-individualismo pós-moderno que faz o aluno negar-se a discutir um tema, não se mobilizar, apesar de todos os esforços competentes do professor, porque defende a idéia de que cada um deve ter sua própria idéia e não há por que confrontá-la com a dos outros.

E essa percepção do outro é tão importante porque pode multiplicar nossos interesses em diversos assuntos, assim como nos limitar quando há a sua falta. Sem aprendermos a nos relacionar passamos a nos fechar dentro de certezas que supostamente acreditamos, nos tornamos críticos e pretensiosos demais mesmo antes de conhecer as várias facetas de um mesmo assunto, gerando preconceitos de diversas formas. As diversas tribos e grupos sociais que são muito presentes nos adolescentes estão cada vez mais se desagregando em mil pedaços, em outros subgrupos ainda menores que muitas vezes não convivem por uma suposta falta de entendimento. São milhares de motivos e grupos diferentes pra se achar gente com a mesma afinidade e parece que todos eles tentam estimular a idéia dessa segregação invisível e inútil pois acabam limitando nosso conhecimento e lapidando nossos preconceitos.

E é por isso que acredito e uso minha percepção no convívio com as pessoas para sempre poder estar atenta a um aprendizado com qualquer conversa que eu estabeleça com alguém. Assim acredito estar no caminho do meu auto conhecimento, pois é reconhecendo e enxergando os outros que consigo me ver aos poucos, para assim saber que rumo devo tomar.

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