segunda-feira, 22 de outubro de 2007
A Balada do Desesperado
- Quem bate ? porta a tais horas?
- Abre, sou eu. Quem tu és?
Não se entra na minha casa
Tão tarde assim, bem o vós.
- Abre. - Teu nome? Há geada,
Abre. Teu nome? E és tardio!
Qual ? teu nome?
Eu caminhei todo o dia.
Ao pó da tua lareira
Quero sentar-me - Inda não!
Diz teu nome... - Eu sou a glória
E aspiro ? posteridade...
- Passa fantasma irrisório...
- é dá-me hospitalidade!
Eu sou o amor e a esperança
- Eu sou a arte e a poesia,
Prescreveram-me... Abre! - Não!
Nem sei que nome lhe dão!...
- Abre, que eu sou a riqueza,
E trago do ouro o fulgor,
- Posso dar-te a tua amante...
- Podes dar-me o seu amor?
- Sou o poder, tenho a púrpura.
Abre a porta! - Anelo vão!
Podes trazer-me a existância
Daqueles que já não são?!
- Se tu não abres teus lares
Senão a quem diz seu nome
Sou a morte! trago alívio
Para cada dor que consome!
Podes ver, trago na cinta
Ruidosas chaves fatais...
Abrigarei teu sepulcro
Do insulto dos animais.
- Entra, estrangeira funérea...
Perdoa ? mendicidade,
Porque ? no lar da miséria
Que tens hospitalidade.
Entra; cansei-me da vida
Que nada tem que me dar...
Há muito eu tinha desejos
(Não força) de me matar!
Entra no lar, bebe e come,
Dorme, e quando despertares,
Para pagar tua conta
Hás de levar-me aos teus lares.
Eu te esperava, eu te sigo...
Vamos... arrasta-me... assim...
Mas deixa o meu cão na terra
Para eu ter quem chore por mim!
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