segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Tristeza do Infinito




Anda em mim noturnamente,
uma tristeza ociosa,
sem objetivo, latente,
vaga, indecisa, medrosa
Como ave torta e sem rumo,
ondula, vagueia, oscila
e sobe em nuvens de fumo
e na minh'alma se asila
Uma tristeza que eu, muda,
fico nela meditando
e meditando, por tudo
e em toda parte sonhando
Tristeza de não sei donde,
de não sei quando, nem como...
flor mortal, que dentro esconde
sementes de um mago .
Dessas tristezas incertas,
esparsas, indefinidas...
como almas vagas, desertas
no rumo eterno das vidas.
Tristeza sem causa forte,
diversas de outras tristezas,
nem da vida nem da morte
gerada nas correntezas...
Tristeza de outros espaços,
de outros céus, de outras esferas,
de outros límpidos abraços,
de outras castas primaveras.
Dessas tristezas que vagam
com volúpias tão sombrias
que as nossas almas alagam
de estranhas melancolias.
Dessas tristezas sem fundo,
sem saudades deste mundo,
sem noites, sem alvoradas.
Que principiam no sonho
e acabam na Realidade,
através do mar tristonho
desta absurda Imensidade.
Certa tristeza indivizível,
abstrata, como se fosse
a grande alma do Sensível
magoada, mistura, doce.
Ah! tristeza imponderável,
abismo, mistério, aflito,
torturante, formidável...
ah! tristeza do Infinito!

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