domingo, 21 de outubro de 2007

De onde será que vem esse nosso caso de amor com sapatos?












Só não consigo entender porque gosto tanto de sapatos...

Simbolicamente os pés nos conduzem, marcam nosso caminho, deixam pegadas. Dizem que Buda, ao nascer, deu sete passos na direção de cada ponto cardeal, enquanto flores desabrochavam acompanhando seus passos. Então firmou os pés sobre terra, apontou para o céu e soltou seu “rugido de leão”. Essas primeiras pegadas de Buda (Buddhapada) até hoje são reverenciadas na Índia, marcam a presença dele na terra.

Os deuses medem o universo com seus pés
...Vishnu, o deus hindu da ordem, apresentou-se ao rei dos demônios como um pequeno anão. Pediu um pedacinho de terra, coisa pouca, apenas aquilo que ele pudesse percorrer em três passadas. O rei, gargalhando diante da humildade do anão, acedeu ao pedido. E então o homenzinho transformou-se no gigantesco deus que marcou toda a terra com um único passo e todo o céu com o segundo passo. Diante disso, o rei dos demônios ajoelhou-se em sinal de submissão, deixando que Vishnu pousasse o pé na sua cabeça ao dar o terceiro e último passo...

E as mulheres chinesas mutilaram os pés de suas filhas durante séculos para que eles ficassem minúsculos e praticamente dobrados ao meio. Você achava que era um sinal horrendo de submissão? Eu também, mas estudiosos não descartam a possibilidade da prática ter uma conotação mais sexual e a arte erótica chinesa, de fato, parece ter várias referências às possibilidades sensuais dos pés...

Para Freud também, os pés estão carregados de sensualidade. Seriam símbolos fálicos, que os homens reconhecem e associam ao alívio de alguma ansiedade relativa à castração (sim, a gente anda, anda e não resolve essa história de castração!?).

Nessa linha, os sapatos que os aconchegam os pés-fálicos seriam símbolos do feminino...e, com um pouco de imaginação, a gente até consegue entender porque pés e sapatos, sobretudo os de salto alto, são fetiches tradicionais, daqueles que aparecem em primeiro lugar nas listas dos mais votados, objetos poderosos, mágicos, capazes de evocar fantasias e memórias sabe-se la de que fundo de baú...

Fetiches ou não, sapatos nos ajudam a pisar no mundo. Não são coisas da natureza, impostas, poderíamos perfeitamente bem ser uma espécie descalça. Mas, não, decidimos há eras longínquas agasalhar nossos pés. Pés são afirmativos, são companheiros de caminho, escolhas...


“Um bom salto escolhe você, e não o contrário. Não siga tendências, siga a si mesma – você precisa de um sapato que a deixa alta e emperdigada. Sempre fique com a sua primeira escolha, a mais instintiva. Ela é a escolha da sua alma. Você tem de escolher um sapato que a faça parecer ainda mais interessante e sentir-se ainda mais intrépida do que já se sente normalmente. Meus sapatos não têm nada a ver com moda – eles são estados de espírito e momentos querendo ser expressos.”

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